Com aplicativos, os smartphones fazem de tudo um pouco.
A maioria dos usuários provavelmente usa o smartphone como um instrumento social. Telefona, confere e-mails, tuíta, manda fotos. Comunica-se. Essa, afinal, sempre foi a função do telefone. Uso pouco o celular como telefone, mas fico chocado quando abro o TuneIn Radio. Se estiver ao alcance de uma rede Wi-Fi, transformo o iPhone num rádio de alcance mundial. Ouço a Gabz, de Botsuana; a 'A' Net transmitindo jazz direto da Antártida; o reggae da Flass, na Islândia; ou os clássicos pela Beethoven FM, do Chile.
O aplicativo Planets funciona como um microplanetário. Ele identifica corpos celestes e informa quando será possível observar cada um. Tenho três leitores de e-books e minha biblioteca cresce, mudando o velho conceito de "livro de bolso". Baixei o almanaque World Factbook caso queira saber quem é presidente do Azerbaijão (Ilham Aliyev) ou que país tem a maior reserva de moedas estrangeiras e ouro (é a China).
Se quiser saber o que está á sendo transmitido na TV, abro o Meuguia.TV. Com um toque na tela descubro que o ruído do meu quarto é de 52 decibéis. Se quiser achar um restaurante específico em muito os lugares do Brasil uso o aplicativo Comer & Beber, da Veja. Tenho também a Wikipedia, os quadrinhos móveis da Marvel, os cálculos do Wolfram Alpha, os recursos do Google, minha coleção de funk music, noticiários e um comunicador global gratuito via Skype Mobile. Para pagar uma conta, uso o aplicativo do meu banco. Se estiver na rua e um óvni passar sobre minha cabeça posso gravar e mandar
o vídeo para o iReport da CNN e o mundo poderá testemunhar o que vi alguns minutos depois do ocorrido. Se a passagem do ufo causar um apagão na rede elétrica, com um toque meu iPhone vira uma lanterna. Há muito mais em programas que não baixei — você pode transformar seu celular em scanner, fax, calculadora financeira, medidor de gordura corporal, controle remoto, afinador de guitarra ou monitor ao vivo da torre Eiffel.
É isso que chamo pela sigla PP — Pocket Power. O poder que um celular coloca no seu bolso cresce geometricamente, embora a grande maioria dos usuários não tenha consciência disso. (E se a gente pensar que terroristas usam celulares para detonar as bombas que provocam carnificinas, a sigla assume um significado macabro.) Do que mais celulares serão capazes no futuro? Está difícil imaginar. O poder de ação acumulado até agora foi tão grande que não conseguimos dar conta nem de uma pequena parte do que ele oferece.
Nem todos conseguem manusear um aparelho pequeno como um smartphone. É então que surge a esperta proposta do iPad: é o primeiro celular-sem-telefone. Ou seja, o mainframe deu origem ao computador pessoal, que virou o laptop, que se fundiu com o telefone e os dois geraram os tablets, que logo deverão ser o equipamento padrão de qualquer pessoa. A Kmart lançou seu modelo nos Estados Unidos por 150 dólares, um terço do que custa o iPad. O governo indiano anunciou planos de montar um tablet para vender a 35 dólares. Já percebeu que neles está a chave para a educação e a informação em massa